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'Corrupção não é de direita ou de esquerda'

Sérgio Moro, juiz da Lava Jato, alvo de protestos de aliados do ex-presidente Lula, que mandou prender na semana passada, diz que 'é preciso fugir do debate ideológico'

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau , Idiana Tomazelli e Dayanne Sousa/Porto Alegre
Atualização:

Sérgio Moro. Foto: Sáshenka Gutiérrez/EFE

Alvo de protestos e perseguição por aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, disse nesta terça-feira, 10, que corrupção não é uma questão de ideologia partidária. "É preciso fugir do debate ideológico. Corrupção não é de direita ou de esquerda. Existem políticos bons e ruins nos partidos", disse Moro durante o Fórum da Liberdade em Porto Alegre.

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Moro expediu mandado de prisão de Lula na quinta-feira, 5, após o Supremo Tribunal Federal negar pedido de habeas corpus preventivo do petista e o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) dar sinal verde para o cumprimento da pena, que é de 12 anos e 1 mês de detenção por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá.

O juiz também criticou as negociações políticas conduzidas por governos para tentar aprovar reformas necessárias ao País. "Falam que, em nome da governabilidade, é preciso fazer sacrifícios éticos, mas, quando se transige com corrupção para aprovar reforma, isso é negativo", afirmou o juiz federal, defendendo mudanças no sistema representativo do País.

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Segundo Moro, foi importante que o Brasil tenha recuperado a liberdade na década de 1980, com o fim do regime militar, mas ainda são necessários avanços. Para ele, o atual sistema político ainda é muito fechado, com excessivos benefícios e proteções, incluindo o foro privilegiado.

"A Operação Mãos Limpas (na Itália) ensina que existem limites do que a Justiça pode fazer. É importante que outros setores se movimentem, setor privado, sociedade e governo, reduzindo oportunidades de corrupção. Isso foi feito - mas pouco - no Brasil", disse Moro.

O juiz lembrou que governo aprovou a Lei das Estatais, que prevê regras mais rígidas de governança nas empresas do governo, mas considerou essa iniciativa muito limitada.

O juiz da Lava Jato disse também que a operação é apenas mais algumas páginas de um livro que está sendo escrito e que a democracia está cada vez mais demandante pelo fim da corrupção. "A corrupção funciona como um imposto negro que reduz a produtividade", disse.

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