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Com caixa dois, Odebrecht esperava de Aloysio 'fluidez nas demandas' da empresa

Benedicto Júnior, 'BJ', confirmou à força-tarefa da Lava Jato ter autorizado doação eleitoral ao ministro das Relações Exteriores no montante de R$ 500 mil em 2010

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

Senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Benedicto Júnior, o 'BJ', ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, confirmou em delação premiada ter autorizado doação eleitoral por meio de caixa dois ao atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB). Dois repasses no total de R$ 500 mil abasteceram a campanha do tucano ao Senado, em 2010.

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Na delação, o ex-executivo fala das intenções da empreiteira ao realizar a doação. Questionado por procuradores da República sobre o que a Odebrecht esperava de Aloysio, o delator responde: "Que, se eleito, tivesse uma relação de confiança conosco, tivesse fluidez nas demandas que a gente fizesse, de receber-nos, de ajudar em assuntos que estivessem na alçada que ele pudesse contribuir".

BJ, como era chamado na empresa, era um dos principais autorizadores de pagamentos não oficiais. No caso de Aloysio, o repasse foi feito pelo Setor de Operações Estruturadas, conhecido como o departamento da propina do grupo.

Em 2010, BJ foi procurado por Carlos Armando Paschoal, executivo responsável por demandas de São Paulo, com a solicitação do pagamento a Aloysio Nunes. "O Carlos ponderou que ele era uma pessoa proeminente do PSDB em São Paulo e que a companhia deveria fazer a doação. Eu autorizei", diz BJ. O delator diz que não tem ciência de demandas levadas a Aloysio Nunes pela empreiteira.

Carlos Armando Paschoal, no entanto, relata na delação que na época em que foi procurado por Aloysio - então chefe da Casa Civil do governo de São Paulo - , a Odebrecht estava em negociações com a Dersa sobre aditivos contratuais na obra do Rodoanel.

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Quando o tucano pediu doação à campanha ao Senado, Paschoal comentou sobre as pendências com a Dersa e Aloysio se comprometeu a interceder a favor da empresa, segundo descreve a Procuradoria-Geral da República (PGR) no pedido de abertura de inquérito encaminhado ao STF. Aloysio é investigado por suposta prática de corrupção passiva.

O pagamento à campanha do tucano foi feito em dinheiro, no Brasil, em duas parcelas de R$ 250 mil cada uma. Na ocasião, o codinome utilizado para identificar Aloysio foi "Manaus".

COM A PALAVRA, ALOYSIO NUNES

O ministro Aloysio Nunes Ferreira tem repetido que as acusações são mentirosas, mas só vai se manifestar depois que tiver acesso formal ao conteúdo do pedido de inquérito.

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