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Collor pressionou por compra de R$ 1 bilhão em álcool na BR Distribuidora, diz delator

Fernando Baiano disse à Lava Jato que Nestor Cerveró, ex-diretor financeiro da subsidiária da Petrobrás, comentou que senador queria que empresa adquirisse 'uma quantidade enorme' de uma safra futura, 'perante usinas indicadas pelo parlamentar'

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Por Julia Affonso , Ricardo Brandt , Fausto Macedo , Mateus Coutinho e Andreza Matais
Atualização:

Collor foi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Atualizada às 15h

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O lobista Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB pela Operação Lava Jato, afirmou que, em 2012, o então diretor financeiro da BR Distribuidora Nestor Cerveró ( que havia sido diretor da área Internacional da Petrobrás) comentou com ele sobre uma suposta pressão feita pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) na subsidiária da estatal petrolífera. Segundo Baiano, Cerveró falou sobre 'negociações envolvendo políticos, em que o tom, o contexto e as circunstâncias sugeriam tratar-se de negócios ilícitos'.

"Se recorda de Nestor Cerveró ter comentado sobre uma negociação em que o senador Fernando Collor estaria pressionando para a BR Distribuidora adquirir uma quantidade enorme de álcool de uma safra futura, perante usinas indicadas pelo parlamentar, o que pareceu estranho ao depoente e a Nestor Cerveró, até mesmo pelo valor, que girava em torno de R$ 1 bilhão", afirmou Baiano.

 Foto: Reprodução

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Cinco depoimentos de Fernando Baiano foram tornados públicos nesta quarta-feira, 21, nos autos da Lava Jato.

Collor já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro. As investigações indicam que Collor recebeu R$ 26 milhões em propina entre 2010 e 2014 por um contrato de troca de bandeira de postos de combustível assinado pela BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás, e por outros contratos da estatal com a UTC Engenharia, outro alvo da Lava Jato.

A denúncia contra Collor detalha o esquema de lavagem de dinheiro usado pelo senador, com a compra de carros de luxo, além de delações que apontam entrega de dinheiro em mãos ao político. Subordinado do doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava Jato, Rafael Ângulo relatou ter dado pessoalmente R$ 60 mil a Collor em um apartamento do parlamentar. A Polícia Federal também obteve a confirmação de oito comprovantes de depósito em nome do senador, mencionados em delação por Youssef. O doleiro disse ter feito "vários depósitos" a Collor, no valor de R$ 50 mil.

COM A PALAVRA, O SENADOR FERNANDO COLLOR

O Senador Fernando Collor nega enfaticamente ter exercido qualquer ingerência - muito menos pressão - sobre a Petrobrás ou sua subsidiária BR Distribuidora. O Senador não se dignará a responder a especulações infundadas de delator a partir do que supostamente ouviu dizer de terceira pessoa, e que não apontam concretamente qualquer fato específico, nem lhe atribuem prática de qualquer ilegalidade.

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