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Claro desrespeito aos direitos humanos, diz OAB em repúdio à fala de Bolsonaro

Durante votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) exaltou a ditadura e a memória do coronel reformado Carlos Brilhante Ustra; Conselho Federal da entidade irá avaliar o caso em sua próxima sessão

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Por Fausto Macedo , Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:

Jair Bolsonaro. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil informou nesta quarta-feira, 20, que 'repudia de forma veemente' as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Durante votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara, no domingo, 17, Bolsonaro exaltou a ditadura militar e a memória do coronel reformado Carlos Brilhante Ustra, morto no ano passado e que foi chefe do Doi-Codi de São Paulo, um dos mais sangrentos centros de tortura do regime militar.

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"Não é aceitável que figuras públicas, no exercício de um poder delegado pelo povo, se utilizem da imunidade parlamentar para fazer esse tipo de manifestação num claro desrespeito aos direitos humanos e ao Estado Democrático de Direito", afirmou o Conselho da maior entidade da advocacia do País.

A nota do Conselho Federal é subscrita pelo presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, e pelo presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Everaldo Bezerra Patriota.

"O Conselho Federal da OAB repudia de forma veemente as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em clara apologia a um crime ao enaltecer a figura de um notório torturador, quando da votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente República Dilma Rousseff", sustentou a nota. "O Conselho Federal da OAB irá avaliar o caso em sua próxima sessão plenária."

Ustra comandou o Doi-codi entre 1971 e 1974. Nos últimos anos, procuradores da República em São Paulo vinham tentando processá-lo por tortura e morte de vários militantes que foram encarcerados nas dependências daquela unidade militar do antigo II Exército em São Paulo. Há sete anos, Ustra é declarado torturador pela Justiça, após decisão do TJ de São Paulo.

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Na noite desta terça-feira, 19, o presidente da OAB no Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz, afirmou que a seccional recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, se necessário, à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, para pedir a cassação do mandato de Jair Bolsonaro.

Segundo ele, a Ordem entrará também com uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para que apreciem o discurso de Bolsonaro na votação do impeachment.

A ÍNTEGRA DA NOTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB

O Conselho Federal da OAB repudia de forma veemente as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em clara apologia a um crime ao enaltecer a figura de um notório torturador, quando da votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente República Dilma Rousseff.

Não é aceitável que figuras públicas, no exercício de um poder delegado pelo povo, se utilizem da imunidade parlamentar para fazer esse tipo de manifestação num claro desrespeito aos Direitos Humanos e ao Estado Democrático de Direito.

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O Conselho Federal da OAB irá avaliar o caso em sua próxima sessão plenária.

Claudio Lamachia Presidente Nacional da OAB

Everaldo Bezerra Patriota Presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos

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