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Citado em planilha da propina, ministro da Justiça omite encontro com Fachin

Osmar Serraglio reuniu-se nesta quinta-feira, 25, no Supremo Tribunal Federal para uma reunião com ministro da Lava Jato

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Por Isadora Peron , Fabio Serapião e Breno Pires
Atualização:

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Osmar Serraglio Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, esteve na manhã desta quinta-feira, 25, no Supremo Tribunal Federal (STF) para uma reunião com o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte e responsável por homologar a delação dos executivos o Grupo J&F. O gabinete de Fachin diz que o encontro teve como pauta a delação premiada dos empresários da JBS, empresa do grupo. O ministro da Justiça não registrou a reunião em sua agenda oficial.

Assista à delação da JBS

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Sobre o encontro com Fachin, inicialmente, a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça negou que a reunião tivesse esse objetivo. Informada de que o assunto da audiência estava registrado na agenda de Fachin, disse que iria confirmar e retornar a ligação.

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Antes de ser nomeado ministro por Michel Temer, em 7 de março, no mesmo dia em que Joesley gravou a conversa com o presidente, Serraglio era deputado federal. Na documentação entregue em seu acordo de colaboração sobre os políticos de 28 partidos que teriam recebido propina, o diretor de relações Institucionais da J&F Ricardo Saud elenca um repasse de R$ 200 mil para Serraglio.

Até o momento, Serraglio não é investigado nos inquéritos abertos após a colaboração dos executivos do grupo. Ele é citado também em um diálogo entre o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e Joesley Batista, um dos donos da JBS. Na conversa, Aécio diz que o presidente Michel Temer 'errou' ao nomear o peemedebista para o Ministério da Justiça e o classifica com palavras chulas.

A indicação de Serraglio para o Ministério da Justiça resultou na ida de Rodrigo Rocha Loures para a Câmara dos Deputados. Flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil, Rocha Loures é apontar por Joesley Batista como o interlocutor indicado por Temer para tratar de temas de interesse da empresa.

O ministro da Justiça já apareceu em outra operação da Polícia Federal que teve a JBS como alvo. Na Carne Fraca, Serraglo aparece em interceptações telefônicas com o fiscal agropecuário acusado de liderar um suposto grupo criminoso que atuava na fiscalização de grandes frigoríficos.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o ministro da Justiça informou que "não se trata absolutamente de se falar em propina alguma, mas de um repasse recebido do Diretório Nacional do PMDB e devidamente registrado de maneira transparente em sua prestação de contas."

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Segundo o ministro, nos "20 anos de vida pública jamais se reuniu, teve qualquer tipo de contato ou conheceu qualquer pessoa ligada ao JBS para tratar de qualquer assunto, muito menos de doação para campanha".

"Merece destaque que, em 2014, o então deputado Osmar Serraglio ter entrado com uma representação junto à PGR solicitando investigação a respeito de suspeita de fraude de empresa paranaense associada ao Grupo JBS junto ao BNDES e ao Banco do Brasil", completa a nota do ministro..

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