O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, desembarcou nesta terça-feira, 21, em Curitiba, a capital da Operação Lava Jato. A visita ao epicentro do escândalo Petrobrás acontece um dia após princípio de incêndio no prédio da superintendência da polícia, no bairro Santa Cândida - sede oficial da maior operação de combate à corrupção da história brasileira.
O chefão da PF está acompanhado por uma equipe de "especialistas e profissionais das mais diversas áreas, além de equipamentos" para solucionar o mais breve possível o problema da interrupção do atendimento ao público - suspenso por tempo indeterminado, desde ontem.
O princípio de incêndio, que atingiu na madrugada de segunda-feira o subsolo do prédio, prejudicou parte da iluminação, telefonia e sistema de informática da superintendência - provocando a suspensão do expediente normal. O maior prejuízo é para quem retira passaporte.
Peritos da Polícia Federal apuram o que provocou o fogo. Uma suspeita é de curto circuito. Ninguém ficou ferido.
Lava Jato. O bem mais precioso que abriga a Superintendência Regional da Polícia Federal, em Curitiba, são os arquivos da Lava Jato. O local abriga a força-tarefa de policiais federais dedicados diuturnamente a mapear os caminhos do dinheiro desviados das principais estatais brasileiras.
Todo material apreendido nas 37 fases da Lava Jato, nesses três anos de apuração, estão guardados em Curitiba. São planilhas de obras públicas, contratos e registros de pagamentos das maiores empreiteiras do País, arquivos de textos, anotações, agendas de encontros, conversas telefônicas, trocas de mensagens de e-mail e celular de empresários, políticos, lobistas e doleiros. Além desses documentos - parte físico e parte em arquivos digitais -, estão ali todo material produzido pelos investigadores: laudos de perícia, relatórios de análise, informações policiais, dados de quebras de sigilos fiscal, bancário e telemático dos investigados.
Segundo a PF, as chamas foram controladas rapidamente e não houve qualquer prejuízo aos custodiados, assim como aos trabalhos relativos à Operação Lava Jato.
Foi no segundo andar do edifício que começaram, em 2013, as investigações da fase ostensiva do escândalo Petrobrás, na sala do delegado Marcio Adriano Anselmo.
A visita do chefão da PF à Curitiba também tem peso simbólico.
Daiello foi alvo de ataques da Associação Nacional de Delegados Federais (ADPF). A entidade pediu a troca do diretor-geral da PF e alegou, em campanha pública, que Daiello teria relação com um suposto esvaziamento das equipes da PF.
Na última semana, dois coordenadores da equipe da Lava Jato na Polícia Federal em Curitiba, Igor Romário de Paula e Maurício Moscardi, negaram qualquer tipo de prejuízo ao grupo e manifestaram apoio ao diretor-geral. Segundo eles, a troca de Daiello, sim, poderia representar riscos às investigações do caso Petrobrás.
Presos. No prédio da PF, em Curitiba, estão também parte dos presos, sob a guarda do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal - responsável pelos processos em primeira instância do caso Petrobrás.
Centro nervoso dos primeiros três anos da Lava Jato, o prédio abriga, entre outros, o ex-ministro Antonio Palocci, o operador e candidato a delator Adir Assad e o empresário e mais novo delator da Lava Jato Marcelo Odebrecht.
A PF informou que não houve qualquer risco ou prejuízo aos presos da Lava Jato.
Serviço. Não há previsão de retomada dos serviços. Quem tem agendamento para emissão de passaporte terá que buscar uma nova data, segundo a PF. A regra vale também para que tem que retirar o passaporte. Quem tem viagem marcada até a próxima quinta-feira, 23, deve ir até à superintendência com a passagem aérea, para requerer o documento.