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Chefão da infraestrutura da Odebrecht diz que pagava propinas na Infraero

Benedicto Barbosa da Silva Junior, o BJ, afirmou em sua delação premiada à Lava Jato que sua participação em ilícito começou em 2003, com governo Lula, em obras de aeroportos coordenadas pelo ex-deputado petista Carlos Wilson, morto em 2009

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Vivian Codogno , Ricardo Brandt , Fabio Serapião , Beatriz Bulla e Breno Pires
Atualização:

Benedicto Júnior. Foto: Reprodução

O ex-chefão do setor de infraestrutura da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior, afirmou em sua delação premiada para procuradores da Operação Lava Jato que seu envolvimento com pagamentos ilícitos para políticos dos governos Lula e Dilma começou no início dos governos petistas em negócios de aeroportos da Infraero.

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"Quando iniciou a prática de crimes no Grupo Odebrecht?", quis saber o procurador.

"Dos que eu participei, começamos em 2002 e 2003 com a Infraero. Foi uma organização de mercado. Havia assumido um governo novo, o governo Lula, e estava se planejando uma modernização dos aeroportos. E foi colocado uma pessoa na Infraero politicamente escolhida e ela começou a articular com as empresas como fazer essa licitação."

Um dos 78 delatores da Odebrecht, BJ, como é conhecido o executivo, afirmou que o indicado foi o ex-deputado federal Carlos Wilson (PT-PE), morto em 2009. O delator afirmou que ele foi colocado no cargo para negociar com as empresas. "No caso da Odebrecht a relação dele era com João Pacífico."

O delator disse ainda que além da Odebrecht, o representante da Infraero procurou as empreiteiras Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa. Os pagamentos seguiram no setor até 2014

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A Odebrecht participa da concessão do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, o Galeão, desde 2014.

 

Em sua delação, BJ detalhou que no caso da obra do Aeroporto de Goiânia, a Odebrecht recebeu cobrança de propina de 3% - equivalente a R$ 3 milhões - em obras de reforma do terminal.

A Lava Jato em uma investigação específica sobre os esquemas de propinas nas obras de aeroportos e nas concessões.

O delator afirmou que "vários políticos" pediram doações". "Em vários dos meus relatos, políticos me procuraram diretamente."

BJ explicou para efetuar os pagamentos acionava o Setor de Operações Estruturadas, que era o chamado "departamento de propinas" da Odebrecht.

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"No momento em que você identificava que havia aquela demanda, ela tinha que ser atendida. Eu dava o ok, o executivo ou seu líder levava o pedido e alimentava com o Ubiraci, que era um executivo que cuidava só da alimentação do sistema, e aquilo passava a ser como um direito para aquele ilícito. A partir daí, quem tinha pedido tinha autorização a operar aqueles valores conforme fosse necessário."

 

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