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'Café' era apelido de propinas a Lula e Gilberto Carvalho, diz Procuradoria

Os petistas são acusados de cobrar R$ 6 milhões em troca de benefícios a empresas do setor automotivo na edição da Medida Provisória 471, que prorrogou incentivos fiscais a montadoras instaladas no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste

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Por Fabio Fabrini , de Brasília e e Luiz Vassallo
Atualização:

Gilberto Carvalho. Foto: André Dusek/Estadão

Em denúncia contra Lula na Zelotes, oferecida nesta segunda-feira, 11, o Ministério Público Federal destacou manuscritos apreendidos com o lobista Alexandre Paes dos Santos que supostamente demonstram pagamento de propinas ao ex-ministro Gilberto Carvalho, em benefício do ex-presidente. Os petistas são acusados de cobrar R$ 6 milhões em troca de benefícios a empresas do setor automotivo na edição da Medida Provisória 471, que prorrogou incentivos fiscais a montadoras instaladas no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste.

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Segundo a Procuradoria, os valores a agentes públicos eram repassados pela montadora CAOA à empresa M&M, que atuou em parceria com outros dois intermediários do esquema: o ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), José Ricardo Silva e o lobista Alexandre Paes dos Santos.

De propriedade Mauro Marcondes - que também integram a lista de denunciados - a empresa M&M foi o canal utilizado para viabilizar o recebimento e a distribuição da propina, segundo a procuradoria.

Os procuradores sustentam que além de garantir a edição e aprovação da MP no Congresso, os recursos também foram usados para comprar o cancelamento de um débito de R$ 265 milhões que era objeto de um recurso no Carf.

Do total recebido pela M&M, R$ 6 milhões foram prometidos ao ex-presidente Lula e a Gilberto Carvalho, segundo as investigações.

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O Ministério Público Federal apreendeu um manuscrito com o lobista Alexandre Paes no qual consta 'Café: Gilberto Carvalho'.

"É público e notório que a expressão "café", na gíria brasileira, significa "propina". Inquirido pela autoridade policial a esse respeito (fls. 569/572 dos autos), Gilberto Carvalho apresentou o que seria sua agenda para a semana dos dias 16/11/2009 a 22/11/2009 (fl. 579 dos autos). Ele estava em Roma com LULA nesse dia 16/11/2009, o que reforça a expressão "café" não como bebida servida em reunião, mas sim propina", acusa a Procuradoria.

Os procuradores destacam que a Medida Provisória tramitou a 'toque de caixa', passando por três ministérios no dia 19 de novembro de 2009, 'três dias depois do "café" com Gilberto Carvalho.

O Ministério Público Federal ainda ressalta que antes mesmo de ser publicada no Diário Oficial, a Medida Provisória já estava nas mãos do lobista que teria atuado em benefício da CAOA.

"No dia 22/11/2009, um domingo, José Ricardo encaminhou a Mauro e a Cristina cópia da minuta da MP, ainda sem número, e da exposição de seus motivos, antes mesmo que ela fosse publicada no Diário Oficial, o que só ocorreria em 23/11/200926 , segunda-feira, dia seguinte", anotou.

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COM A PALAVRA, LULA, GILBERTO CARVALHO E CAOA

O Estado entrou em contato com as defesas ou as assessorias de imprensa de Lula, de Gilberto Carvalho e de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, mas ainda não obteve resposta.

COM A PALAVRA, MAURO MARCONDES MACHADO

O advogado Roberto Podval, que defende Mauro Marcondes Machado, disse que a denúncia repete imputações já feitas pelo MPF em outra ação contra seu cliente. "Há um excesso de acusação", criticou.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOSÉ RICARDO DA SILVA

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A defesa de José Ricardo da Silva informou, em nota, que só vai se pronunciar depois de citada, caso a denúncia seja aceita pela Justiça e aberta uma ação penal.

COM A PALAVRA, PAULO ARANTES FERRAZ

A advogada Carla Domênico, de de Paulo Arantes Ferraz, informou que ainda não pode comentar a peça de acusação, pois não teve tempo de examiná-la integralmente.

COM A PALAVRA, ALEXANDRE PAES DOS SANTOS

O advogado Daniel Gerber, que representa Alexandre Paes dos Santos, afirmou ter "a mais absoluta convicção" de que a denúncia é fruto de um "Estado acusatório", e não do efetivo envolvimento de seu cliente em ilícitos. Ele acrescentou que, no curso de ação penal (caso seja aberta), a inocência de Paes será provada.

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