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Avesso a entrevistas, Lula foi capa de revista publicada por editora alvo da Lava Jato

Por Andreza Matais, Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus Coutinho

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Por Redação
Atualização:

Avesso a entrevistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi capa da edição número 100 da "Revista do Brasil", produzida pela Editora Gráfica Atitude que passou a ser investigada na 12ª fase da Operação Lava Jato. O tesoureiro licenciado do PT João Vaccari Neto é acusado de usar a firma para lavar dinheiro de propina repassada para o PT de empresas com contratos na Petrobrás. Uma fornecedora da Petrobrás repassou ao menos R$ 1,5 milhão para a gráfica a pedido de Vaccari.

 Foto: Estadão

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A revista editada pela Gráfica Atitude também já colocou a presidente Dilma Rousseff na capa na véspera da campanha de 2010. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) puniu a gráfica e a CUT por propaganda ilegal da petista na época quando a disputa era contra o tucano José Serra.

A entrevista exclusiva com o ex-presidente Lula foi publicada a cinco dias do segundo turno da eleição presidencial de 2014. Com a disputa acirrada, o ex-presidente fez críticas ao adversário da então candidata Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB). Lula não foi questionado pela publicação sobre temas incômodos ao PT ou à campanha de Dilma.

Um dos alvos de Lula foi o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, eventual ministro da Fazenda de Aécio. "Ele não é nenhuma arrumadeira, porque quando estava no Banco Central ajudou a desarrumar a economia deste país. Ele, na verdade, é um desarrumador de casa. Quem arrumou a casa fomos nós." O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também foi alvo de críticas do petista. "Tem muita gente que tem 30 anos hoje e nem lembra que o Fernando Henrique Cardoso foi presidente da República. Há uma tentativa de ressuscitá-lo como porta-voz de um partido que não se comporta como partido de oposição, porque não tem um programa alternativo para a sociedade."

Delações. Na entrevista, Lula questionou as delações premiadas ao comentar a Operação Lava Jato na entrevista exclusiva à revista. "O que foi prometido para esses senhores na delação premiada? Será que foi só diminuir a pena ou será que foi prometido "se o PT for derrotado, poderá ter mais coisas?" A gente não sabe." Quatro delatores acusaram Vaccari de ser operador do PT no esquema de corrupção da Petrobrás.

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O ex-presidente disse que estava "muito preocupado" porque "tenho a impressão de que neste país tem sempre uma tentativa de golpe. Tem sempre um Carlos Lacerda querendo derrubar alguém." E condenou a decisão do juiz Sérgio Mouro de excluir o sigilo do processo. "Estranhamente, como a Suprema Corte reivindicou o processo para lá, o juiz convoca as pessoas para depor e colocar na internet o depoimento, quase como se fosse uma ação política, quase como se fosse "vamos fazer um depoimento agora para dar material de campanha para os adversários do PT". Se daqui a três ou quatro meses for provado que não é verdade aquilo que ele falou, o prejuízo está feito. É gravíssimo o que está acontecendo, às vezes me cheira a tentativa de golpe mesmo, de colocar em risco o processo democrático."COM A PALAVRA, A EDITORA GRÁFICA ATITUDE

O coordenador de planejamento editorial da Gráfica, Paulo Salvador, afirmou que nunca tratou de patrocínios para a empresa com o tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Salvador, contudo, evitou responder ao ser questionado sobre a delação do executivo Augusto Mendonça, que afirmou ter depositado valores na conta da gráfica a pedido de Vaccari. "Não recebemos nenhuma demanda da Justiça ainda."

Ele afirmou que a empresa não pertence ao PT ou à CUT, mas possui uma "afinidade política" com a sigla nos temas que aborda em suas publicações.

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