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Auditoria da Petrobrás comprovou contrato fraudado para beneficiar Schahin

Lava Jato apura se serviço para operar navio-sonda Vitória 10.000 pelo valor de R$ 1,3 bilhão foi compensação por empréstimo do grupo para quitar dívidas de campanha do PT, via José Carlos Bumlai, amigo de Lula preso nesta terça, 24

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Por Ricardo Brandt , Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:

Sede da Petrobrás, no Rio. Foto: Marcos de Paula/Estadão

Uma auditoria interna da Petrobrás, concluída em maio, confirmou que houve direcionamento indevido para que o Grupo Schahin fosse contratado para operar o navio-sonda Vitoria 10.000 para explorações de petróleo em alto mar. O negócio seria uma compensação pelo empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin, em 2004, que teria como destino final o PT. O intermediador do negócio, segundo os investigadores, foi o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Bumlai foi preso nesta terça-feira, 24, alvo central da Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato.

"Foi aceita uma única proposta para construção do navio-sonda, ao passo que poderia haver um processo competitivo. Na exposição de motivos, dentre as razões para a escolha do estaleiro estavam", informa o Relatório de Auditoria R02.E003/2015, de 18 de maio.

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"O argumento apresentado para escolha da Schahin como operador, que consta no item 9 do DIP INTERDN 17/2007, aprovado pela Diretoria Executiva por meio da Ata 4.624, de 18 de janeiro de 2007, foi de que a Schahin International era detentora dos melhores índices operacionais na Bacia de Campos não se confirmam pelos documentos de avaliação da contratada relativos àquele período", registra o relatório do gerente de Auditoria de Exploração e Produção da Petrobrás, Paulo Rangel.

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Trecho da auditoria da Petrobrás 

Trecho da auditoria da Petrobrás Foto: Estadão

O documento anexado ao pedido de prisão de Bumlai informa que a "escolha da Schahin como parceira foi discricionária" e que "os bônus de 15%" a ser recebido pela empresa pela operação do navio-sonda "eram mais altos que os praticados, na faixa de 10%". O documento foi elaborado por uma equipe de quatro auditores, Róbson Costa, Álvaro Rocha, André Luis Alencar e Bianca Madeira.

O documento foi considerado pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, uma das provas relevantes de que existiu o esquema de direcionamento e corrupção no contrato revelado por pelo menos quatro delatores.

Trecho da auditoria da Petrobrás Foto: Estadão

Relatório de Auditoria R02.E003/2015 confirmou que 'houve direcionamento indevido para contratação da Schahin, não estando a escolha amparada por critérios técnicos', destacou Moro. "Em especial, a justificativa utilizada para a contratação da Schahin para operar o navio-sonda não tinha amparo técnico."

Para o juiz, a auditoria da Petrobrás iniciada em março e concluída em maio, é "uma primeira e relevante prova de corroboração" da versão convergente contada pelos delatores, entre eles um dos donos da Schahin, Salim Schahin, e o ex-presidente do Banco Schahin, Sandro Tordin.

O empresário e pecuarista José Carlos Bumlai nega que o empréstimo tomado junto ao Banco Schahin tenha sido destinado ao PT. Ele afirma que a operação não tem ligação com a contratação do navio-sonda Vitoria 10000.

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