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Auditoria aponta risco na relação de ex-superintendente da Caixa com a Rodrimar

Segundo documento, há risco de questionamentos na Justiça porque, 'atualmente, há investigações judiciais para apurar se o Presidente da República Michel Temer possuía alguma relação com essa empresa'.

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Por Fabio Serapião e Fausto Macedo
Atualização:

Porto de Santos. Foto: José Patrício/Estadão

O relatório final de investigação independente realizada pelo escritório Pinheiro Neto aponta para o risco da relação de Giovanni Alves, ex-superintendente nacional de médias e grandes empresa (SUNGE), área á época sob tutela da vice-presidência ocupada por Geddel Vieira Lima, com a empresa Rodrimar. Segundo a investigação contratada pela própria Caixa, há risco de questionamentos na Justiça porque, "atualmente, há investigações judiciais para apurar se o Presidente da República Michel Temer possuía alguma relação com essa empresa." A afirmação consta no relatório do Pinheiro Neto no item "Risco e conclusão" sobre Giovanni Alves.

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A investigação citada é o inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e apura se a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, foi beneficiada pelo decreto assinado pelo presidente em maio de 2017, que ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor, prorrogáveis por até 70 anos. Além do presidente, são investigados Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Temer e ex-deputado federal, e Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar. Todos negam irregularidades.

Rocha Loures e o diretor da Rodrimar Ricardo Mesquita também são citados no relatório produzido pelo Pinheiro Neto. De acordo com o documento, que embasou o pedido de afastamento dos vice-presidentes da Caixa, se constatou que Mesquita " realizou visitas a Giovanni Alves no prédio da matriz da CEF. "Nos emails de Giovanni foi detectada mensagem enviada pelo Superintendente Regional e da Baixada Santista contendo informações sobre avaliação de risco de crédito da operação relativa à Rodrimar", diz o relatório.

Segundo o documento, à época Alves não trabalhava mais na SUNGE e "por isso não estava entre suas atribuições obter informações sobre a operação da Rodrimar." Interrogado pelos investigadores independentes, o vice-presidente Corporativo da Caixa Antônio Carlos Ferreira, afastado na terça-feira, 16, confirmou a relação de Alves coma a Rodrimar e disse que Mesquita "lidava diretamente com Giovanni Alves quando visitava a CEF".

Ferreira também afirmou aos investigadores que o "ex-Deputado Rodrigo Rocha Loures, ligado a Michel Temer, teria sido visto nas dependências da CEF para tratar de assuntos de interesse da Rodrimar." Na conclusão de sua investigação, o Pinheiro Neto aponta que após o afastamento de Alves do banco, o ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures teria procurado Gilberto Occhi, presidente de Caixa, e o o próprio Ferreira para "tratar de operações de interesse da Rodrimar". O relatório também cita que Alves teria sido visto nas dependências da Rodrimar, o que teria dado "ensejo a um processo administrativo."

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COM A PALAVRA, O PLANALTO

O Estado procurou a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, mas ainda não obteve uma resposta.

COM A PALAVRA, RODRIMAR

O advogado da Rodrimar, Fabio Tofic, não respondeu aos contatos da reportagem

COM A PALAVRA, CAIXA

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CAIXA informa que o presidente Gilberto Occhi assina, nesta quarta-feira (17), portarias de designação para substituição, por 30 dias, dos quatro vice-presidentes afastados. Após os 30 dias, caso haja necessidade, as designações passam a ser de competência do Conselho de Administração do banco.

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O vice-presidente de Corporativo,Antônio Carlos Ferreira, será substituído interinamente pelo diretor de Banco Corporativo, Luiz Gustavo Silva Portela; a vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias, Deusdina Pereira, será substituída interinamente pelo diretor de Fundos de Governo, Valter Gonçalves Nunes; o vice-presidente de Clientes, Negócios e Transformação Digital, José Henrique Marques da Cruz, será substituído pelo diretor de Clientes e Canais, Ademir Losekann; o vice-presidente de Governo, Roberto Derziê de Sant Anna, será substituído interinamente pelo diretor de Serviços de Governo, Roberto Barros Barreto.

A CAIXA ressalta que possui uma governança estabelecida em critérios sólidos, como demonstrado amplamente nos resultados que a empresa vem alcançando nos últimos anos.

A CAIXA continua fazendo seu trabalho e sua missão, gerando valor aos clientes e sociedade como instituição financeira pública e principal agente de políticas públicas do Estado Brasileiro.

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