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Assessor de Perrella escondeu R$ 480 mil na casa da sogra, diz PF

Relatório de busca e apreensão da Polícia Federal dá conta de que Mendherson Souza se 'assustou' com investigações e tratou de levar o dinheiro a um local que 'não estivesse relacionado ao seu nome'

Foto do author Luiz Vassallo
Por Breno Pires , Isadora Peron e Luiz Vassallo
Atualização:

 Foto: Reprodução do relatório da PF

A sogra de Mendherson Souza Lima, assessor de Zezé Perrella (PSDB-MG) no Senado, ficou com duas malas de R$ 480 mil em sua casa, a pedido do agente público, segundo relatórios de busca e apreensão da Polícia Federal no âmbito de investigações a respeito de Aécio Neves (PSDB-MG). O servidor é apontado pelas investigações como responsável por receber a propina de R$ 2 milhões - que Aécio teria pedido a Joesley Batista, da JBS -, e repassar à empresa Tapera de responsabilidade de Zezé Perrella.

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De acordo com relatório da busca e apreensão, Mendherson se assustou com as notícias a respeito da delação da JBS que o mencionavam como interposto de Aécio em esquemas de propinas, e decidiu levar o dinheiro a um local que 'não estivesse relacionado ao seu nome'.

Ele, então, carregou as duas sacolas recheadas de notas de R$ 100 até a cidade de Nova Lima, na região Metropolitana de Belo Horizonte, onde vive sua sogra, Azelina. O relatório da PF dá conta de que ela ficou com os recipientes 'sem que soubesse do seu conteúdo'. As sacolas estavam em um dos quartos da residência da sogra de Mendherson, segundo relatou a PF.

Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista. Os valores teriam sido repassados ao primo do senador afastado, Frederico Pacheco, e as primeiras tratativas foram feitas pela irmã de Aécio, Andrea Neves - estão em posse da Polícia Federal a filmagem dos repasses ao suposto receptor do tucano e conversas de WhatsApp com as solicitações de Andrea. Apesar de justificar que os R$ 2 milhões seriam para bancar advogados de defesa, o dinheiro foi transportado para Mendherson Souza, assessor de Zezé Perrella (PSDB-MG). Neste sábado, Aécio voltou a negar a 'origem ilícita' do dinheiro.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, QUE DEFENDE O SENADOR ZEZÉ PERRELLA

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O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Zezé e Gustavo Perrella, afirmou que o Ministério Público tem feito ilações de forma irresponsável e 'tomado delações premiadas como verdade'. O advogado afirma que 'nenhum depósito depositado na Tapera - empresa de Zezé Perrella, representada por Mendherson - tem relação com Gustavo Perrella, filho do senador. "Gustavo não fez nunca um depósito à Tapera e sequer sabia o banco responsável pela conta da Tapera, que era a empresa de responsabilidade final do Zezé Perrella, a quem o Mwendherson se reportava", afirma "Mas o mais grave é que todos os depósitos feitos na Tapera sem exceção, temos como comprovar a origem. Então, o Ministério Público partiu de dados falsos, fazendo uma ilação e não uma investigação para poder pedir a busca e apreensão na casa de um senador da República. Como hoje o Brasil está extremamente punitivo, ninguém acha nada estranho. Se você faz uma busca errada e inconsistente, as pessoas acham normal.O Zezé Perrella teve a casa invadida por ordem de um ministro do STF sem ter nenhuma relação com os dois milhões. O que estamos investigando e é isso que interessa é: onde foram parar esses 2 milhões? Eu garanto, afirmo e tenho provas, de que na conta da Tapera, que é a empresa de responsabilidade de Zezé Perrella, não foi. Se tem alguma relação entre o Fred e o Mendherson, isso tem de ser investigado", conclui.

COM A PALAVRA, AÉCIO NEVES

Nota ao Estado de S. Paulo

A defesa do senador Aécio Neves reafirma que o empréstimo de R$ 2 milhões oferecido por Joesley Batista seria regularizado por meio de um contrato de mútuo, se o único objetivo do empresário não fosse única e exclusivamente forjar uma situação criminosa que lhe desse o benefício da delação premiada.

O empréstimo não envolveu dinheiro público e nenhuma contrapartida, o que torna infundada a acusação de pagamento de propina. O senador Aécio tem convicção de que as investigações feitas com seriedade e isenção demonstrarão os fatos verdadeiramente ocorridos.

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