A conta da offshore Acona International Investments, do operador de propinas do PMDB João Augusto Rezende Henriques, é o caminho da Operação Lava Jato para provar que recursos da corrupção sistematizada na Petrobrás irrigaram as contas secretas do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Foram apurados registros bancários coletados no período entre maio e junho de 2011, apontando pagamentos feitos pela empresa Ancon a International Investments Ltd pagamentos no montante de CHF 1.311.700,00 para a conta Orion SP (cujo beneficipario econômico é Cunha) no Banco Julius Baer", registra trecho do novo pedido de inquérito contra o presidente da Câmara apresentado nesta quarta-feira, 14, pela Procuradoria Geral da República.
O objetivo é apurar lavagem de dinheiro envolvendo Cunha e sua famílias em contas abertas na Suíça, entre elas a Orion, a Triunph SP e outras. O caso trata do pagamento de US$ 35 milhões de propina pelo estaleiro coreado Samsung Heavey Industries, via lobistas Julio Camargo e Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, para agentes público e políticos ligados ao PMDB, a partir de 2006. Cunha teria sido beneficiário de US$ 10 milhões.
O empresário João Henriques, ex-funcionário da Petrobrás e lobista ligado ao PMDB, afirmou à Polícia Federal que abriu uma conta na Suíça para pagar a propina ao presidente da Câmara. Segundo ele, a suposta transferência para Cunha está ligada a um contrato da Petrobrás relativo à compra de um campo de exploração em Benin, na África.
O relato de Henriques, ocorrido na sexta-feira, 25, amplia as suspeitas sobre o presidente da Câmara. Outros dois alvos da Lava Jato, o executivo Júlio Camargo e o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, relataram que Eduardo Cunha recebeu US$ 5 milhões em propinas na contratação de navio sonda da Petrobrás, em 2006. O presidente da Câmara foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro.