A Operação Arquivo X identificou três fontes de corrupção que movimentaram pelo menos R$ 13,4 milhões e mais US$ 2,35 milhões.
Segundo o procurador regional da República Carlos Lima, da força-tarefa da Lava Jato, a primeira vertente envolve o operador de propinas do PMDB João Augusto Rezende Henriques, já condenado pelo juiz federal Sérgio Moro. Ele teria recebido R$ 7,4 milhões e supostamente repassados ao partido.
A segunda vertente aponta para o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) e o ex-deputado André Vargas (ex-PT), que teriam sido beneficiários de R$ 6 milhões.
A terceira frente se refere ao pedido de R$ 5 milhões que o ex-ministro Guido Mantega teria feito a Eike Batista - o empresário afirma ter repassado um total de US$ 2,35 milhões para uma conta do publicitário João Santana e sua mulher Mônica Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff.
O procurador disse que o motivo do pedido de prisão de Mantega foi 'o risco à ordem pública' - mesmo fundamento adotado em todas as outras fases anteriores da Lava Jato.
"A garantia da ordem pública tem sido uma das principais motivações (dos decretos de prisão). Há risco de destruição de provas nesses casos. Além disso, estamos falando da continuação de um esquema reiterado de corrupção bilionária na Petrobrás, estamos falando de valores bilionários desviados dos cofres públicos", disse o procurador.
Carlos Lima destacou que Eike Batista 'procurou espontaneamente' a força-tarefa para depor e revelar o suposto pedido de Mantega.
Segundo a investigação, no dia 1.º de novembro de 2012, o então ministro da Fazenda que, na ocasião, acumulava a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás, reuniu-se com Eike e pediu ao empresário repasse de R$ 5 milhões para saldar dívidas de campanha do PT.
Os investigadores suspeitam que as dívidas eram relativas à campanha que elegeu Dilma pela primeira vez, em 2010. O que leva os investigadores a acreditarem nessa hipótese é que Eike teria atendido o pedido de Mantega e depositou US$ 2,3 milhões em contas do casal João Santana e Mônica Moura, marqueteiros de Lula e Dilma.
"Esta é a terceira vertente da corrupção, que envolve Guido Mantega. Se refere a um pedido feito por ele para o empresário Eike Batista de pagamento de cinco milhões de reais para quitação de dívidas de campanha", afirma o procurador.
O encontro, segundo a investigação, ocorreu pouco antes da liberação do primeiro pagamento das obras em plataformas da Petrobrás para o Consórcio Integra Offshore, do qual a OSX, de Eike, fazia parte.
A liberação ocorreu no dia 29 de novembro de 2012. A 'doação' de Eike, em abril de 2013.
"A combinação passou pela operacionalização desses valores no exterior, mediante contrato por objeto falso entre empresa de Eike e empresa do casal Santana. A operação foi especialmente montada por Mõnica Moura para receber US$ 2,35 milhões pela conta da Shelbill (na Suíça)", afirma o procurador.
COM A PALAVRA, A CHEMTECH:
"A Chemtech está cooperando com as autoridades, dando suporte às investigações em andamento. Devido ao sigilo dos procedimentos investigativos, estamos impossibilitados de fazer quaisquer outros comentários"
COM A PALAVRA, A ISOLUX:
"Isolux Corsán está colaborando abertamente com as autoridades brasileiras nas investigações".