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Amigo de Lula diz à PF que não repassou R$ 12 mi ao PT

Preso na Lava Jato, José Carlos Bumlai não soube explicar se foi 'coincidência' operação do empréstimo bancário ter ocorrido um dia antes do contrato de US$ 1,3 bi do navio-sonda entre a Petrobrás e o grupo Schahin

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Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo , Julia Affonso e enviado especial a Curitiba
Atualização:

Pecuarista José Carlos Bumlai, preso na Lava Jato, embarca para Curitiba 

O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato, nesta segunda-feira, 30, que nunca repassou dinheiro para o PT e que os R$ 12 milhões emprestados pelo Banco Schahin, em 2004, foram para dar de sinal na compra de uma fazenda do Grupo Bertin.

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"Surgiu (em 2004) uma oportunidade para comprar uma fazenda (Fazenda Eldorado) na região de Dourados/MS", afirmou Bumlai, ouvido nesta segunda-feira pela primeira vez, desde que foi preso há uma semana, alvo da Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato.

"Indagado se não possuía, época, liquidez para realizar compra da fazenda em questão, disse que sim, mas que não com agilidade que operação requeria", afirmou Bumlai, ouvido pelo procurador da República Diego Castor de Mattos, da força-tarefa. "(O) valor de R$ 12 milhões consistia no sinal dado pelo declarante para compra da fazenda dos irmãos Bertin", registra o termo. A transação acabaria não se realizando.

 

O Ministério Público Federal tem pelo menos quatro delatores que contam outra história sobre a operação, entre eles um dos donos do Grupo Schahin, Salim Schahin, e o ex-presidente do Banco Schahin, Sandro Tordim, que Bumlai assumiu ter sido seu contato na operação de empréstimo.

Os delatores afirma que Bumlai pediu os R$ 12 milhões em outubro de 2004 para pagar despesas do PT e que com atuação direta de dois ex-tesoureiros do partido - Delúbio Soares e João Vaccari Neto - o pecuarista tomou o empréstimo sem nunca quitá-lo. A dívida foi paga com um contrato da Petrobrás, de US$ 1,3 bilhão, dirigido para a Schahin, em 2009.

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PT. "O recurso obtido com empréstimo não se destinava ao Partido dos Trabalhadores", afirmou Bumlai, em Curitiba, onde está preso desde a terça-feira, da semana passada. "Nunca passou recursos ao Partido dos Trabalhadores."

Bumlai disse que Schahin, o executivo de seu grupo e os outros delatores estão mentindo. "Não se lembra se Delubio Soares esteve presente em reunião com declarante na sede do Banco Schahin", afirma o pecuarista.

"Os recursos que transferiu para partidos em campanhas estão devidamente registrados."

Petrobrás. Bumlai foi questionado se havia alguma relação entre o pagamento de sua dívida com o Grupo Schahin e a contratação da empresa pela Petrobrás para a operação do navio-sonda Vitoria 10.000. "Respondeu que não há qualquer relação; que indagado se o fato da quitação do empréstimo ter ocorrido um dia antes da celebração do contrato de operação do navio-sonda entre a Petrobrás e a Schahin tratar-se de uma coincidência, não soube explicar, afirmando que a escolha da data ficou exclusivamente a cargo do grupo Schahin."

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