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Alto escalão da Eletronuclear pegou R$ 26,4 mi em propinas de Angra 3, diz Procuradoria

Ex-presidente da estatal Othon Pinheiro e cinco ex-dirigentes dos cargos mais importantes da subsidiária da Eletrobrás receberam valores ilícitos de obra de R$ 1,2 bilhão, segundo força-tarefa da Pripyat

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Fausto Macedo , Julia Affonso , Fabio Serapião e RICARDO BRANDT E MATEUS COUTINHO
Atualização:
 Foto: Estadão

A Operação Pripyat revela que o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva - preso nesta quarta-feira, 6, no Rio - recebeu R$ 12 milhões em propinas das obras de Angra 3. O valor corresponde a 1% do montante da construção, orçada em R$ 1,2 bilhão.

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Outra parte da propina, segundo a Procuradoria da República, foi dividida entre cinco ex-dirigentes do alto escalão da estatal. A investigação mostra que ele dividiram 1,2% do valor total da obra: ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini (0,3%), ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani (0,2%), ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias (0,2%) e ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).

A Operação Pripyat indica ainda que houve propina para 'núcleo político da organização criminosa, investigado no âmbito do Supremo Tribunal Federal'.

A investigação mostra que a empreiteira Andrade Gutierrez pagou as propinas.

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"Tendo em conta a informação de que a Eletronuclear pagou para a Andrade Gutierrez em relação ao contrato de construção civil de Angra 3 o valor de aproximadamente R$ 1,2 bilhão e estabelecendo-se a possível premissa de que todo o acerto realizado foi pago, é possível apresentar a estimativa de que Othon Luiz recebeu recebeu até R$ 12 milhões", diz a Procuradoria.

Luiz Soares e Edno Negrini receberam até R$ 3,6 milhões e Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Persio Jordani receberam até R$ 2,4 milhões em propinas da aludida construtora. O cálculo pode até estar subestimado considerando que foram identificados pagamentos da Andrade Gutierrez para a Flexsystem no valor de R$ 5 milhões.

Também foi identificado o pagamento suspeito de R$ 653,8 mil da Engevix para a Flexsystem. Também são suspeitos os pagamentos de R$ 375,4 mil da Engevix e de R$ 178,3 mil da Andrade Gutierrez para a AEM Sistemas. Foram identificados pagamentos da Andrade Gutierrez para a VW Refrigeração no valor de R$ 3,4 milhões. Ainda foram identificados pagamentos da Andrade Gutierrez para geração de "Caixa 2" para propina em espécie relacionada a Angra 3, nos seguintes valores: R$ 7,19 milhões para a empresa Eval, R$ 126,64 milhões para a empresa Legend, R$ 37,81 milhões para a empresa SP Terraplanagem e R$ 5 milhões para a empresa JSM Engenharia.

Para os procuradores Lauro Coelho Junior, José Augusto Vagos e Eduardo El Hage, que compõem a Força Tarefa da Lava Jato no Rio, "as investigações constataram a incrível audácia da organização criminosa que vitimou a Eletronuclear, sendo que, mesmo após ter sido alvo da Operação Radioatividade, continuou a ter influência na estatal, atrapalhando a completa elucidação do amplo esquema de corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro.

Para além da investigação, a deflagração da Operação Pripyat demonstra que a Lava Jato, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, com a devida autorização do Poder Judiciário, continuará cumprindo, seja onde for, o seu incansável papel de combate ao grave quadro de corrupção generalizada que atingiu as mais diversas empresas e órgãos públicos brasileiros."

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A reportagem procurou a Engevix. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, A ELETRONUCLEAR

A empresa não está se manifestando sobre a operação.

COM A PALAVRA, A ELETROBRÁS

COMUNICADO AO MERCADO

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CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A CNPJ: 00.001.180/0001-26 COMPANHIA ABERTA

Centrais Elétricas Brasileiras S/A ("Companhia") informa aos seus acionistas e ao mercado em geral que tomou conhecimento pela imprensa de suposta operação da Polícia Federal, iniciada na manhã de hoje, envolvendo o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva e outros. A Companhia está verificando o episódio noticiado pela imprensa e manterá o mercado informado.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE ADIR ASSAD

"A defesa adotará todas as medidas cabíveis para revogação da prisão decretada. Os fatos datam de 2007 a 2012 e nenhum fato concreto novo ocorreu até hoje, inexistindo motivos para a preventiva. O Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus concedido ao acusado Adir Assad no final do ano, entendeu substituir o regime fechado por domiciliar e outras restrições, sendo excessiva, desnecessária e inútil ao andamento do processo essa nova medida extrema."

Miguel Pereira Neto

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