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Ahmed Faaiz, alvo da Hashtag, confessou à PF que ia planejar atentado na Parada Gay

Suspeito de integrar célula terrorista do Estado Islâmico no Brasil, preso desde antes das Olimpíadas, é acusado pela própria mãe por sua agressividade e sua admiração por Bin Laden

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Por Mateus Coutinho e Julia Affonso
Atualização:

Parada Gay na Avenida Paulista. Foto: Paulo Liebert/Estadão

Fernando Pinheiro Cabral, ou Ahmed Faaiz, um dos acusados de integrar uma célula terrorista do Estado Islâmico no Brasil, admitiu, em depoimento à Polícia Federal, que chegou a planejar um atentado em São Paulo, possivelmente na Parada Gay. Alvo da Operação Hashtag denunciado pela Procuradoria da República nesta sexta-feira, 16, ele foi acusado pela própria mãe adotiva e pela irmã de ser violento e falar em atos para 'fazer justiça ao povo islâmico'.

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A ideia do atentado, segundo ele próprio disse à Polícia Federal, era de realizar o ataque na capital paulista 'em razão da proximidade das Olimpíadas, a fim de aproveitar a mídia em torno desse evento e do Brasil para difusão mundial do ato terrorista'.

Ele confessou ainda que o grupo que mantinha no aplicativo de mensagens Telegram chegou a cogitar fazer o ato na Rua Augusta, 'em razão dessa via concentrar sodomistas, prostitutas, tráfico de drogas, entre outras atitudes consideradas crimes em países árabes'.

Ainda segundo Ahmed Faaiz, como Fernando se identificava, ele e outros interlocutores pretendiam usar 'arma de fogo ou faca' no ataque e estavam buscando formas de conseguir o armamento para o atentado.

 Foto: Estadão

Atualmente preso, e alvo de um novo pedido de prisão preventiva por parte da Procuradoria da República, Fernando foi denunciado nesta sexta-feira, 16, pelo Ministério Público Federal no Paraná junto com outros oito investigados acusados de 'atos de recrutamento e promoção de organização terrorista' identificados antes da realização dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.

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A acusação da Procuradoria preenche 328 páginas, com um conjunto de conversas e postagens em redes sociais e aplicativos de celular entre os acusados monitoradas pelos investigadores, além de depoimentos dos próprios investigados.

No caso de Ahmed Faaiz, porém, chamou a atenção dos investigadores o fato de a própria mãe adotiva e irmã dele terem confirmado sua agressividade.

"Os depoimentos realizados na fase inquisitorial não deixam dúvidas de sua personalidade conturbada, agressiva e comprometida com o radicalismo do EI", assinala o Ministério Público Federal.

O DEPOIMENTO DA MÃE ADOTIVA DE FERNANDO PINHEIRO CABRAL:

 Foto: Estadão

'Justiça ao povo islâmico'. A mãe Mariza Pinheiro Cabral e a irmã Fabíola Pinheiro Cabral depuseram à PF no dia 11 de agosto e contaram que Fernando não só defendia atentados terroristas como o 11 de setembro e o ataque ao jornal francês Charlie Hebdo como também falava em praticar atos para "fazer justiça ao povo islâmico".

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Fernando foi adotado ainda criança por Mariza Pinheiro Cabral e morava com a mãe e a irmã Fabíola Pinheiro Cabral na capital paulista. À PF, Fabíola relatou um diálogo que teve com ele em julho:

"Que Fernando disse que era mentor de grupo na internet com diversos seguidores; que Fernando disse que era nesse grupo que começam a programar 'atos justiceiros' que iriam fazer. Que Fernando dizia que os atos a serem praticados eram para fazer Justiça ao povo islâmico".

O DEPOIMENTO DA IRMÃ DE FERNANDO PINHEIRO:

 Foto: Estadão

Mariza também relatou episódios de violência do filho adotivo, inclusive contra ela: "Fernando sempre se mostrou violento desde criança, inclusive quebrando a perna da declarante com chute quando ele então contava com nove anos de idade", afirmou Mariza.

Ela afirmou ainda que o filho adotado sempre gostou de facas e mantinha uma coleção e que, a partir de abril de 2015 passou a frequentar a mesquita do Pari, no Braz, em São Paulo.

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"Fernando frequentemente elogiava a inteligência e a história de (Osama) Bin Laden, que Fernando comemorou o atentado e a matança na boate gay em Miami; que desde pequeno Fernando se mostrou uma pessoa revoltada e desprovida de sentimentos", seguiu Mariza em seu relato.

Na denúncia a Procuradoria da República aponta ainda que Fernando manteve contato via aplicativos de mensagens com outros acusados de apoiar o terrorismo 'sempre promovendo, incitando e declarando apoio à organização terrorista Estado Islâmico', segue a acusação.

 

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