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A ameaça de Léo Pinheiro

Interrogado pelo juiz Sérgio Moro, empreiteiro da OAS diz que está decidido a revelar 'todos os crimes que cometeu, seja quem for do outro lado'

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Foto do author Fausto Macedo
Por Mateus Coutinho , Julia Affonso , Fausto Macedo , Ricardo Brandt e enviado especial a Curitiba
Atualização:
 Foto: Reprodução

Um dos maiores empreiteiros do País e com estreita relação com políticos de vários partidos e autoridades de graduações importantes, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, fez um desabafo ao juiz Sérgio Moro. Ele disse que está sofrendo com as consequências da Operação Lava Jato e que vai revelar todos os crimes que cometeu 'seja quem for do outro lado'.

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Para os investigadores, o recado de Léo Pinheiro soa como uma ameaça explícita a agentes políticos que teriam sido contemplados com propinas.

O empreiteiro depôs nesta terça-feira, 13. Ele é alvo da Operação Lava Jato, que lhe atribui protagonismo no esquema de cartel e propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014.

Ele foi preso pela primeira vez em novembro de 2014, oito meses após o estouro da Lava Jato.

"Durante esse período, já são dois anos, né? Uma coisa que tem me angustiado muito, um prejuízo muito grande para mim , para minha família, para minha empresa, para os meus amigos", desabafou.

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Frente a frente com Moro, o empreiteiro se disse disposto a contar tudo o que sabe - afinal, malogrou o acordo de delação premiada que negociava com a Procuradoria-Geral da República.

"Eu quero colaborar, excelência, no que eu puder, agindo exatamente como fiz aqui", disse Léo Pinheiro, ao final de seu depoimento em que relatou a extorsão de políticos para proteger empreiteiros nas duas CPIs da Petrobrás, em 2014.

"Eu sei dos crimes que cometi, não estou fugindo de nenhum deles e direi todos que cometi, seja quem for do outro lado", concluiu o empresário, que foi preso pela segunda vez no dia 5 de setembro, acusado de obstruir as investigações.

Ele foi preso pela primeira vez na Operação Juízo Final, sétima fase da Lava Jato, em novembro de 2014, e ficou custodiado preventivamente até abril de 2015 quando o Supremo Tribunal Federal (STF) deu habeas corpus a nove executivos de grandes empresas.

Em agosto de 2015 foi condenado a 16 anos e 4 meses de reclusão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema de corrupção na Petrobrás. Com a perspectiva de perder os recursos nas instâncias superiores e passar uma longa temporada na cadeia, além do risco de ser condenado em novas denúncias da Lava Jato, o empreiteiro chegou a negociar acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Lava Jato.

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Com o vazamento de informações sobre as tratativas do empresário com os investigadores, em agosto, o procurador-geral da República Rodrigo Janot, determinou a suspensão da negociação.

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