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36ª fase espraia Lava Jato para setor de aeroportos e rodovias

Grupo Triunfo, que participa da concessão do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), e de rodovias fez repasses milionários para empresas de operadores de propina Rodrigo Tacla Duran e Adir Assad, alvos de prisão da Operação Dragão

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Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo , Julia Affonso e enviado especial a Curitiba
Atualização:
 

A Operação Dragão - 30ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira, 10, espraia as apurações da corrupção na Petrobrás para setores como as concessões de aeroportos e rodovias. Duas empresas que pagaram os operadores de propinas Rodrigo Tacla Duran e Adir Assad tem contratos no setor e estão sob investigação.

A Triunfo Participações, uma das donas da concessionária do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), é uma das empresas que usou os serviços dos alvos da 30ª fase da Lava Jato para gerar recursos em espécie. Para a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), o dinheiro era para pagamento de propinas ou caixa-2.

É a segunda integrante do consórcio Aeroportos Brasil Viracopos a cair no radar da Lava Jato. A UTC Engenharia, também sócia da concessão, é integrante do cartel acusado de fatiar obras na Petrobrás. Seu dono, Ricardo Pessoa, foi preso e fechou delação premiada. Ele foi um dos delatores a apontar Tacla Duran como um operador de propinas.

 

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Segundo o pedido de prisão da Operação Dragão, deferido pelo juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Lava Jato, em Curitiba, empresas como a UTC, a Triunfo, a Odebrecht, a Mendes Jr, e outras, repassavam valores para o escritório de advocacia Tacla Duran Sociedade de Advocacia e para duas outras empresas do operador, que depois repassava valores para doleiros e operadores financeiros para disponibilizar recursos em espécie. Um total de R$ 54,7 milhões, entre 2011 e 2013.

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A Triunfo repassou R$ 3,72 milhões, segundo quebra de sigilo. São R$ 1,56 milhão da Triunfo Participações e R$ 2,16 milhões da Construtora Triunfo. A sede da empresa, em Curitiba, foi um dos alvos das buscas da 36ª fase da Lava Jato.

O Grupo Triunfo também contratou e repassou valores para as empresas de fachada de Adir Assad.

"Há evidências que esses operadores financeiros agiram em plena sintonia para gerar recursos que foram utilizados para o pagamento de propina por diversas empresas a diversos agentes públicos. São diversos esquemas, todos eles conectados. Essa relação entre operadores, empresas e agentes públicos corrompidos revela uma forma de atuar bastante organizada",afirmou o procurador da República Julio Noronha, da força-tarefa da Lava Jato.

 Foto: Estadão
 

Aeroportos. As concessões de aeroportos no governo Dilma Rousseff estão na mira da Lava Jato desde 2014, mas as investigações sobre elas não haviam sido aprofundadas. Odebrecht e OAS foram vencedoras de contratos de concessões nos dois principais pacotes de leilões, em 2012 e 2013, passando a administrar os aeroportos de maior valor. O Grupo OAS passou a integrar a concessionária que administra Cumbica, em Guarulhos (SP) - a GRU Airport, por meio da Invepar, em um negócio de R$ 16 bilhões. A Odebrecht, associada a parceiros internacionais, venceu a concessão do Galeão, no Rio, no valor de R$ 19 bilhões.

No caso do leilão de Viracopos, em fevereiro de 2012, o consórcio vencedor foi o Aeroportos Brasil (45% pela Triunfo Participações e Investimentos, 45% da UTC Participações e 10% da Egis Airport Operation, da França), por R$ 3,2 bilhões.

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A força-tarefa ainda não sabe os motivos de pagamentos da Triunfo para Adir Assad. Duas notas fiscais encontradas nas buscas registram repasses de R$ 522 mil, em dezembro de 2011, e de R$ 2,7 milhões, em fevereiro de 2012, mês que aconteceu o segundo pacote de concessões, entre eles o do aeroporto em Campinas.

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A Engevix venceu a concessão do aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, um negócio de R$ 4,5 bilhões.

Rodovias. Outro setor que será alvo das investigações é de rodovias. A Empresa Concessionária de Rodovias Norte S.A. (Econorte) repassou R$ 1,21 milhões para o escritório de advocacia de Tacla Duran.

No pedido de prisão do advogado, o Ministério Público Federal aponta que a Econorte e a Construtura Triunfo pertencem ao mesmo grupo econômico controlado pela Triunfo Participações e Investimentos (TPI). "Juntas, as três empresas depositaram R$ 4,93 milhões nas contas correntes mantidas pelo escritório Tacla Duran Sociedade de Advogados."

O Grupo Triunfo também fez pagamentos para as empresas do operador de propinas Adir Assad Legend Engenheiros Associados e J.S.M. Engenharia e Terraplenagem, um total de R$ 62,43 milhões entre 2008 e 2015.

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O documento aponta ainda os repasses suspeitos para duas outras investigadas em fases anteriores da Lava Jato. A GPI Investimentos, do empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Collor, e para a Planner Corretora.

COM A PALAVRA, A TRIUNFO PARTICIPAÇÕES

A Triunfo Participações encaminhou, via assessoria de imprensa, uma nota divulgada ao mercado. Leia a nota:

"A Triunfo Participações e Investimentos S.A. ("Companhia") (BM&FBOVESPA: TPIS3), em atendimento as disposições da Instrução CVM nº 358/02, informa ao mercado e a seus acionistas que, nesta data, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na sede social da Companhia, em São Paulo, SP, e na sede social de sua subsidiária, ECONORTE Empresa Concessionária de Rodovias do Norte S.A., em Londrina, PR, tendo por objeto a coleta de documentos relacionados a pagamentos realizados pelas referidas empresas a um prestador de serviço.

A Companhia forneceu as informações solicitadas e informa que irá cooperar com as autoridades competentes. Da mesma forma, a administração da Companhia buscará tomar conhecimento das alegações que embasaram referida ordem judicial para averiguação e apuração dos fatos e responsabilidades pertinentes."

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