Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

28 offshores receberam US$ 134 milhões da Odebrecht, aponta delator

Vinicius Borin, novo colaborador da Lava Jato, revelou nomes de contas de 'beneficiários finais' de propinas da empreiteira

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Mateus Coutinho , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

 

Sede da empreiteira foi alvo de buscas. Foto: Marcos Bezerra/Futura Press

O empresário Vinicius Borin, novo delator da Operação Lava Jato, listou em um de seus depoimentos 28 offshores que seriam beneficiárias finais de transferências de Olívio Rodrigues Junior, ligado à Odebrecht. As contas receberam, segundo os cálculos do executivo, US$ 134.958.489,25.

Vinicius Borin não apontou em que período o dinheiro foi repassado por Olívio Rodrigues Júnior às offshores. O novo delator pode ajudar a Lava Jato a descobrir quem são os beneficiários de suposta propina da empreiteira.

 

No depoimento de 21 páginas do delator, há um trecho intitulado 'beneficiários finais das transferências de Olivio'. O empresário cita o executivo Luiz Eduardo da Rocha Soares, que seria um dos controladores de contas no exterior da Odebrecht.

PUBLICIDADE

"O depoente informa que com o desenvolvimento das investigações da Lava Jato, Luiz Eduardo começou a solicitar informações de pagamentos para algumas contas, como, por exemplo, se tinha sido feita alguma transferência, data e valores; que em razão destes pedidos o depoente foi fazendo uma relação, já que aparentemente suspeitas", afirmou Borin.

[veja_tambem]

Na lista dos beneficiários apontados pelo delator está a conta Shellbill Finance SA, do marqueteiro João Santana, que atuou nas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006). À offshore foram transferidos US$ 16.633.510 de três contas - Klienfeld, Innovation e Magna, ligadas à Odebrecht.

O detalhamento de Vinicius Borin é composto pelo nome da conta que teria sido beneficiária de repasses, o valor transferido e as supostas contas que teriam abastecido as offshores.

A Tech Trade Corporation foi a conta que mais recebeu recursos. Foram transferidos US$ 24,4 milhões das contas Magna, Innovation e Klienfeld. Estas mesmas três contas e mais a Fasttracker repassaram à Sun Oasis Enterprises Limited US$ 12,747.406,69.

Borin trabalhou em São Paulo na área comercial do Antigua Overseas Bank (AOB), entre 2006 e 2010. Borin e outros ex-executivos do AOB se associaram a Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo Soares, então integrantes do Departamento de Operações Estruturadas - nome oficial da central de propinas da empreiteira, segundo os investigadores da Lava Jato - da Odebrecht para adquirir a filial desativada do Meinl Bank, de Viena, em Antigua, paraíso fiscal no Caribe.

Publicidade

O novo delator disse em depoimento à força-tarefa da Lava Jato que a empreiteira controlou 42 contas offshores no exterior, sendo que a maior parte delas foi criada após aquisição da filial de um banco, o Meinl Bank Antigua, no fim de 2010. Vinícius Borin é o primeiro a falar em detalhes sobre as supostas transações internacionais do grupo por meio de offshores.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.