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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Temer contra-ataca

O sinal amarelo piscou na Vice Presidência da República diante da investida da presidente Dilma Rousseff em órgãos internacionais e na mídia estrangeira, ignorando as manifestações públicas de ministros do Supremo Tribunal Federal, martelando a versão do "golpe de Estado" no Brasil e atacando diretamente o vice Michel Temer que, em questão de dias, poderá assumir a Presidência caso o Senado acate o pedido de impeachment dela aprovado na Câmara.

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Atualização:

De acordo com informação que chegou à Vice, Dilma pretende não apenas denunciar a existência de um golpe no Brasil, hoje na cerimônia do clima na ONU (Organização das Nações Unidas), mas também participar ou conduzir uma reunião da Unasul (o bloco da América do Sul) para encampar a versão do "golpe" e ameaçar o Brasil com retaliações e até com sanções, como a que foram impostas ao Paraguai após a queda do presidente Fernando Lugo.

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Com o sinal amarelo, o vice Temer decidiu recuar de sua decisão de manter silêncio até a votação do Senado. Ele voltou para Brasília ontem e deu entrevistas, por exemplo, para o The New York Times, o Financial Times, o Wall Street Journal e a agência Bloomberg. Em essência, Temer reage duramente à acusação de ser "golpista", diz que é professor de Direito Constitucional e que nenhum ato de sua carreira política pode ser jamais confundido com golpismo.

Ele diz também que não tem, nem teria poder para arregimentar 367 votos na Câmara para a aprovação do pedido de impeachment, muito menos para mobilizar mais de 60% da população e as confederações de agricultura, indústria e transportes, entre outras, que se manifestam favoravelmente à queda de Dilma."Eu sou apenas consequência", tem repetido Temer, negando radicalmente que seja "golpista" e que haja um "golpe" no Brasil.

Quando lhe perguntam sobre o presidente da Câmara, seu aliado Eduardo Cunha, Temer diz que Cunha também não teria poderes para decidir o resultado na Câmara e nas pesquisas de opinião pública. Além disso, o vice-presidente alega que não há o que ele próprio possa fazer contra Cunha, que não é um caso para o Executivo, mas sim para o Legislativo, onde sofre processo de cassação, e para a Justiça, onde é réu por suspeita de desvio de dinheiro público e contas secretas na Suíça.

Na avaliação do núcleo de apoio a Temer, Dilma sabe que vai perder no Senado, onde 48 dos 81 votos já são publicamente favoráveis ao impeachment. Logo, ela não estaria envolvendo a ONU, a Unasul e a mídia estrangeira em questões internas do Brasil para tentar inutilmente salvar seu mandato, mas sim para criar condições para "infernizar" o governo e a vida de Temer, caso as previsões se confirmem e ele assuma a Presidência.

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Repetindo a crítica feita pelo senador tucano Aluizio Nunes Ferreira (SP) na quarta-feira, assessores e amigos de Temer dizem que, com sua ação, Dilma "denigre a imagem do país no exterior", criando a falsa sensação de que o Brasil é uma "República Bananeira". Segundo eles, isso não a ajuda em nada, mas pode prejudicar muito não apenas o futuro governo, mas principalmente as condições de recuperação da economia.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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