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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Procura-se um novo ministro para a Justiça

O presidente Michel Temer iniciou consultas para substituir o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, do PMDB do Paraná, e não desistiu de insistir com velho amigo Antonio Mariz de Oliveira, jurista reconhecido, mas refratário à ideia de aceitar o cargo. Temer gostaria de "dar uma boa sacada", como diz um interlocutor dele.

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Atualização:

Os principais problemas para a substituição continuam sendo os mesmos de quando Temer acabou tendo de escolher Serraglio, há menos de três meses. O PMDB reivindica a vaga como sendo sua, mas não tem nomes à altura. E Temer, que é professor de Direito Constitucional, mantêm o sonho de nomear um "notável" do meio jurídico, mas quem aceitaria um abacaxi desse tamanho num momento como o atual?

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O Planalto sondou o advogado Nelson Jobim, que foi ministro da Justiça no governo FHC e da Defesa no governo Lula, inclusive com a possibilidade de uma troca: ele iria para a Defesa e o atual ministro da Pasta, Raul Jungman, migraria para a Justiça. Conforme relatos de governistas, Jobim declinou das duas possibilidades, mas aplaudiu a ideia de um jurista de peso.

Serraglio é considerado um bom parlamentar e ótima pessoa, mas "improdutivo", nas palavras de quemacompanha a avaliação e as articulações para a escolha do sucessor. Diante de crises, como a da Funai e do conflito envolvendo índios no Maranhão, ele ficou impassível, não assumiu a dianteira da solução. E a crise crônica na segurança pública "é maior do que ele".

De outro lado, Serraglio acabou nomeado por ser do PMDB, partido do presidente da República e decisivo para a aprovação das reformas no Congresso Nacional. Mas, se de um lado não comanda a Justiça, de outro não entrega votos do partido no Senado e nem mesmo da Câmara, apesar de ser deputado federal e tido como membro da bancada ruralista.

Temer, portanto, procura alguém com um perfil mais arrojado, mais forte, que passe ao próprio governo e à opinião pública a sensação de que a Pasta tem comando e as situações difíceis estão sob controle. Ou, se não for possível, porque ninguém assim aceita, que pelo menos seja um parlamentar com capacidade de articulação e arregimentação de votos na hora decisiva das reformas.

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Nisso tudo, uma coisa é clara: a possível saída do ministro não tem nada a ver com a citação ao seu nome na Operação Carne Fraca, que apura irregularidades e promiscuidade entre agentes do governo e frigoríficos. No balanço feito pelo Planalto, as referências a Serraglio são acessórias e sem gravidade.

 

 

 

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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