O governo federal pretende entregar ao Congresso, no dia 30 de setembro, a sua proposta de reforma da Previdência. A data é a última sexta-feira antes das eleições e serve para atender todos os aliados. Sendo enviada perto da eleição, terá menor influência política na campanha, agradando os parlamentares da base. Também funciona para que o presidente Michel Temer cumpra a palavra com o PSDB, enviando a proposta ainda neste mês e evitando ser acusado de "estelionato eleitoral", caso deixasse para fazê-lo depois da eleição.
Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Governo) se recusam a confirmar a data. Dizem que não querem se comprometer com um dia exato para evitar pressão de parlamentares e imprensa.
Para um aliado do governo, a reforma da Previdência servirá para mostrar qual a dimensão real da base aliada. "Todo mundo já foi contemplado. Agora é hora de ver quem é base", diz esse interlocutor do Planalto.
Defensor da reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, colocou agência de publicidade para "traduzir" planilhas do economista José Márcio Camargo, escalado para ajudar na catequese dos deputados.
O Planalto começa a fazer uma leitura desconfiada das críticas do PSDB à demora do governo em deflagrar as reformas no Congresso.
A avaliação é que, de olho em 2018, os tucanos querem ter margem de manobra para, em caso de mau desempenho de Temer, abandonar o barco.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também aguarda a ação do governo. "A discreta melhora atual é muito mais por conta da expectativa futura que pelo comportamento da economia no presente", cobra.