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Bastidores da política e da economia, com Julia Lindner e Gustavo Côrtes

Planalto tenta desmontar delação de Claudio Melo com registros do TSE

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Por Vera Rosa
Atualização:
José Yunes, advogado e amigo do presidente Temer  

 

O Diretório Nacional do PMDB recebeu três doações seguidas da Construtora Norberto Odebrecht, em setembro e outubro de 2014, que totalizam R$ 11,3 milhões. De posse desses registros, que constam no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), auxiliares do presidente Michel Temer tentam desmontar a delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, à força-tarefa da Lava Jato.

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Melo Filho disse aos procuradores que Temer pediu diretamente ao então presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, "apoio financeiro" para as campanhas eleitorais do PMDB, em 2014. O ex-executivo contou que Marcelo decidiu doar R$ 10 milhões após um jantar no Palácio do Jaburu, em maio de 2014, com Temer e com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O delator entregou aos procuradores cópia de e-mails em que Marcelo trata dos pagamentos a "MT", numa referência a Michel Temer, que à época era vice-presidente da República e comandava o PMDB. Assessores de Temer observaram que, logo após um dos últimos e-mails apresentados por Melo Filho como prova da negociação para a entrega do dinheiro, houve repasses da construtora para o Diretório Nacional do PMDB.

O primeiro depósito da Odebrecht para o partido, nesse período, foi feito em 5 de setembro de 2014, no valor de 1.500.000,00; o segundo, em 12 de setembro, somando R$ 5.800.000,00 e o terceiro, em 23 de outubro, de R$ 4.000.000,00. Os três repasses, realizados por meio de transferência eletrônica, somaram R$ 11.300.000,00.

Embora a quantia seja maior do que os R$ 10 milhões citados por Melo Filho, auxiliares de Temer sustentam que se trata da mesma doação mencionada por ele e fazem questão de lembrar que tudo está "registrado" no TSE.

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Em uma das mensagens trocadas com Melo Filho, Marcelo disse que "depois de muito choro" não teve como deixar de atender o pedido de Temer. Pediu ao subordinado, porém, para avisar "MT" (Michel Temer) que esta seria a única conta a pagar ao time dele.

Segundo o delator, uma das entregas do dinheiro foi feita no escritório de advocacia de José Yunes, o presidente do PMDB paulistano que nesta quarta-feira entregou o cargo de assessor especial da Presidência.

Melo Filho afirmou que, do total de R$ 10 milhões prometido por Marcelo, Padilha ficou responsável por receber 4 milhões. "Compreendi que os outros R$ 6 milhões, por decisão de Marcelo Odebrecht, seriam alocados para o Paulo Skaff, na época candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB", declarou o ex-executivo à força-tarefa da Lava Jato.

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