Ações dos cidadãos

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Por crespoangela
Atualização:

Texto de Eleni Trindade

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Quando os cidadãos passarão a agir como protagonistas e o que está sendo feito para que esses conceitos cheguem às classes mais pobres foram alguns temas do debate após o seminário Compra Positiva.

Sobre a formação dos desejos de consumo, Heloísa Mello afirmou que as expectativas das pessoas influenciam as escolhas, assim como os apelos da mídia, mas o consumidor pode fazer uma compra sustentável se buscar informações. "A sustentabilidade está na pauta do dia e se os consumidores pressionarem as empresas a atuar de forma sustentável e a desenvolver mercadorias ecologicamente corretas, toda a cadeia produtiva vai copiar o modelo, pois esse é um fator competitivo para o mercado."

Quais as estratégias para disseminar o consumo consciente? Para Cleide Goy, as mudanças já estão em curso. "Observem que existe uma inversão: muitas empresas que já criaram situações ruins de consumo estão revendo seus valores", afirmou. Para Heloísa, o consumidor já faz a diferença. "Nós influenciamos na forma como as empresas criam produtos e como elas tratam as comunidades onde estão inseridas."

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A conscientização das camadas mais pobres da sociedade já é feita? Heloísa destacou que existem várias ações para divulgar o consumo consciente nas comunidades mais carentes e que uma pesquisa do Akatu revelou que as classes mais baixas demonstraram ser conscientes. "Eles têm consciência do impacto do seu consumo e conseguem praticar atos conscientes." Órgãos como o Ipem, o Procon e o Centro de Integração da Cidadania, lembrou ela, disseminam conceitos de direitos e consumo consciente.

É preciso conscientização

Outra questão que chamou a atenção no debate realizado após a palestra Compra Positiva foi se as empresas mencionam a realização de testes em animais em seus rótulos. Cleide Goy diz que os testes são necessários, pois do contrário teriam de ser feitos em pessoas e em todo o mundo as empresas pesquisam alternativas. "Mas o consumidor tem de ser informado para que as empresas não fiquem apenas no discurso ecologicamente correto."

Heloísa Mello lembra que algumas empresas já mostram preocupação em mostrar nos rótulos todos os itens de sustentabilidade, o que inclui testes em animais. "Isso mostra a transparência da empresa, que eventualmente continua fazendo teste em animais porque não achou outra solução." Essa iniciativa, diz ela, afeta toda a cadeia produtiva, pois seus fornecedores colaboram no fornecimento de informações.

E como conscientizar o consumidor sobre os efeitos da aquisição de produtos piratas ou feitos com mão-de-obra explorada em países como a China, conseqüentemente mais baratos que os nacionais? "É a globalização e não temos como evitar esse movimento mundial", disse Cleide Goy. "Mas neste caso entra a questão de o consumidor saber se está disposto a pagar o valor agregado ao produto, ou seja, os impostos que a empresa brasileira paga para manter a linha de produção e para pagar os direitos de seus funcionários, ou se prefere pagar mais barato por um produto pirata."

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Além disso, ela destaca, as empresas estão se profissionalizando e buscando agregar valor ao produto: selo de origem, respeito ao ambiente e às pessoas e apoio a projetos sociais, entre outros. "Hoje essas ações são questão de sobrevivência para as empresas."

Na opinião de Heloísa, os valores estão invertidos e as pessoas não param para pensar em suas ações. "O produto pirata é mais barato, mas fazendo isso você deixa de pagar impostos e o governo está deixando de investir em educação e saúde."

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